A palavra marketing significa estudo do mercado. Uma ciência que analisa as relações de troca, buscando estratégias, com posicionamento persuasivo. Quando falamos de “Marketing Pessoal”, estamos nos referindo à importância de “ser visto para ser lembrado”, atribuindo valor à imagem da pessoa.
Armadilhas do Marketing Pessoal
O marketing pessoal está em alta. Existe uma infinidade de ofertas para tratar deste assunto com a finalidade de divulgar ferramentas para que você aprenda a “se vender melhor”.
O conceito de “autoridade” se tornou um objetivo a ser alcançado, o que é muito bom se for sustentado por formação consistente. Caso contrário, se trata de propaganda enganosa sobre si mesmo, algo no mínimo questionável do ponto de vista ético.
Produtos são criados e desenvolvidos para satisfazer de¬mandas não atendidas do mercado consumidor. Precisamos transformá-los em desejo ou necessidade para que eles possam ser vendidos e gerar lucro. A antropologia criou o termo “coisificação do homem” para debater a problematização que se evidencia no uso equivocado do marketing pessoal.
Theodor W. Adorno, sociólogo alemão, descreveu o fenôme¬no de “coisificar” como algo que “torna as pessoas semelhantes às máquinas, trazendo à tona toda a violência e barbárie presentes no ser humano, que foram culturalmente controladas.
No processo de coisificação, as pessoas perdem os traços de subjetividade e individualidade, passando a compor um coletivo de pessoas que têm a vida mediada pela técnica”. Uma reflexão da década de 1950 que permanece válida.
Adorno em uma de suas obras disse: “pessoas que se enquadram cegamente no coletivo, fazem de si mesmas, meros objetos materiais, se anulando como sujeitos dotados de motivação própria”, e nos apresenta o desafio de equilibrar a vontade de imprimir sua marca no mundo sem se “coisificar”, não abrindo mão da sua identidade em nome de audiência.
Na ânsia por notoriedade, muitos se deixam seduzir por aquilo que gostariam de ser e ter realizado, mas que não é verdadeiro, mentindo sobre si e produzindo “fake news”. Este tipo de marketing pessoal não é legítimo e deve ser recriminado, apesar de sermos constantemente incentivados para que façamos a propagação sobre nós e nossos feitos com a recomendação de que, caso não façamos, nosso concorrente o fará e perderemos a disputa.
Profissionais da área de seleção de pessoas relatam casos assustadores que presenciam em sua prática cotidiana. Incoerências, inconsistências de discurso e falsidades. Por serem humanos, esses selecionadores cometem erros e acabam por selecionar aquele que não é o que diz ser e ter feito. Daí para frente é uma questão de tempo para que a farsa seja exposta e, com ela, todos os aborrecimentos inerentes ao engano.
Desaconselho falarmos o que o outro quer ouvir com o objetivo de conseguirmos o que queremos. Desencorajo a manipulação e o jogo do “vale-tudo”. Disponho a estudar com aqueles que me procuram para orientá-los em suas carreiras e refletir sobre as consequências destas manobras.
Utilizo como antídoto desta cilada, atitudes que ajudam a impressionar a nós e aos outros, sendo exatamente quem somos. Como resposta diante desta arapuca, trabalhamos com dedicação para reconhecer o valor e descobrir a força da pessoa, evidenciando seu diferencial e aquilo que se ganha através de uma aparente perda ou fracasso.
Deste modo, integramos e extraímos o luxo do lixo, o ganho do aprendizado. Resgatamos a nobreza da coragem de se revelar, a dignidade contida no ato humilde de assumir sua falha, a grandiosidade do entusiasmo em persistir, o tesouro da clareza de seus talentos e, desse modo, se encantar com a pessoa que se é e assim, nos diferenciamos das demais pessoas.