“É culpa da sociedade”, “somos fruto de um sistema opressor”, “não acredito mais nos outros”. São muitas as queixas daqueles que se sentem incomodados com o curso do mundo e com a falência anunciada de boas práticas.
Mas o que fazer? Passar pelo mundo sem nos contaminarmos com o que nos afeta parece um lugar ilusório. Não se trata de criar um universo paralelo ou da utopia de uma comunidade formada apenas por pessoas compatíveis, com pensamentos e sentimentos recíprocos e generosas entre si.
A questão é a urgência quanto a necessidade de aprendemos a sermos autênticos diante de uma sociedade que nos induz a usarmos máscaras e agirmos exclusivamente de acordo com convenções dominantes e protocolos burocráticos. Ocorre que de tanto convivermos com máscaras nos tornamos mascarados e nos acostumamos a “enlouquecer na loucura do outro “.
Vamos perdendo o discernimento quanto aos exageros e muitos de nós com a intenção de agradar, somos condizentes com demandas delegadas sem sermos consultados, e neste exercício inglório de resolvermos o insaciável querer alheio, nossa existência vai se limitando a uma atuação como ” depositários”, com pouca satisfação pessoal e com sentimento de ser usado, prejudicando nossa autonomia e condenados a atender imediatamente solicitações que vão emergindo e que recai sobre nós como obrigações irrecusáveis, sob o peso do surgimento do sentimento de culpa, caso haja a renúncia deste” posto “, sendo este mesmo sentimento de culpa reeditado e reafirmado com a sentença acusatória decretada pelo outro sempre quando ele se depara com nossa indisponibilidade ou nosso desejo divergente do dele.
Autoconhecimento: o fio da meada da vida
O autoconhecimento é sem dúvida o caminho para levar a atracar no tão sonhado porto seguro de sua autoestima, autonomia, equilíbrio e sua estabilidade emocional e funcionará como mola propulsora para a descoberta e valorização das suas qualidades, facilitando o desenvolvimento da sua maturidade pessoal.
Quando você aprende a se conhecer, você inicia um processo de zelar mas por si e vai encontrando o manejo favorável para driblar a vergonha de parecer inadequado, o medo de mostrar vulnerabilidade, a timidez em assumir que é bom em alguma coisa, a falta de coragem de olhar para o espelho e aceitar a imagem projetada, a ousadia de dizer ” eu posso, eu quero” sem se considerar egoísta, mas sim confiante na capacidade de auto crítica equilibrada, fruto da maturidade emocional conquistada.
Disposição para mudar é o convite que faço para a jornada do autoconhecimento. Uma construção que requer vontade de caminhar no aprendizado, paciência para refletir, humildade para reconhecer oportunidades ainda não exploradas e vontade de fazer algo diferente do que você está acostumado.
Serão exigidos de você “olhos de ver” capazes de enxergar tudo aquilo que você está convencido a esconder todos os dias, ” ouvidos de ouvir ” aquilo que muitas vezes você renega por querer demais de si mesmo, ” coração de sentir ” alegria com seu crescimento e ” boca de dizer ” comunicando com entusiasmo aquilo que você está construindo através do compromisso.
Dicas para aprofundar autoconhecimento
É preciso que você se convença de que a prática é o melhor recurso para a transformação que você quer ver em você.
Praticar o autoconhecimento é um excelente exercício para você adquirir mais dele. Esteja atento às oportunidades no seu cotidiano, reservando tempo de qualidade para se perceber e refletir nas conversas com amigos, trocando ideias sobre aquilo que você julga importante e que gostaria de ouvir recomendações a respeito, na companhia de bons livros e boa música que instigam o seu aprofundamento, na presença do silêncio noturno ouvindo sua voz interior antes de cair no sono.
Estas são algumas sugestões para despertar sua vontade de se alimentar de mais autoconhecimento. Descubra meios de estar na sua presença!
Quanto maior seu autoconhecimento, maior será seu contato real com sua essência e isso lhe trará o ganho de estar próximo da resolução de conflitos e da conquista de seus desejos, te fortalecendo para alçar voos rumo a concretização dos seus sonhos, guardados dentro das gavetas empoeiradas da sua rotina.