Gostamos que atribuam valor aos nossos feitos. Isto é tido por nós como lisonjeiro e nosso eu “egóico” se agrada deste tipo de interação. O problema nasce no excesso do foco no posicionamento, o que tende a polarizá-lo e enrijecê-lo, tornando-o um traço de inflexibilidade percebido facilmente em situações em que nos deparamos com a premência por denotar o oposto do comportamento praticado.
Para ilustrar: como nos referimos àquela pessoa que não mede esforços para conseguir o que quer? Tendemos a dizer que essa pessoa é determinada, persistente e focada. Contudo, se essas qualidades forem exageradas, elas terão efeito contrário: passaremos a rotular essa mesma pessoa como “teimosa”. Assim, concluímos que determinação em excesso é percebida como teimosia ou rigidez.
Vejamos outro exemplo. A autoconfiança é uma característica impulsionadora. Graças a ela corremos riscos e tomamos decisões impopulares. No entanto, o excesso de autoconfiança pode gerar uma percepção de postura arrogante ou individualista. Autoconfiantes, dizemos aquilo que acreditamos e, convictos das nossas “verdades”, repelimos pessoas que poderiam agregar.
Moral da história: qualquer posicionamento extremo se torna um problema no convívio.
Entendido o perigo dos excessos, como interagir de modo produtivo? A resposta parece óbvia, mas é bem difícil de praticá-la: ouvindo. Calibramos qualidades na “presença do outro”, ouvindo o que ele tem a nos dizer. Para isto, é crucial saber para quem pedir ajuda e expor nossas limitações.
O ponto central reside na escolha de pessoas que não estejam contaminadas com aquilo que queremos ouvir, que sejam isentas em suas opiniões e com posicionamentos sinceros. Por outro lado, precisamos cuidar do rigor na busca por referências, sendo cautelosos com padrões altamente exigentes que pode nos levar a nos tornar refratários, acreditando que as pessoas nunca serão suficientemente capazes de nos aconselhar e nos avaliar.
